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domingo, 11 de novembro de 2012

AS BRIGAS ENTRE GILDO E TEIXEIRINHA


Ainda hoje existem muitas duvidas a respeito da briga entre Gildo de Freitas e Teixeirinha, se ela era de verdade ou brincadeira mostrada através dos versos. A partir de hoje vou trazer aqui algumas respostas e colocar também mais algumas duvidas. Para isso passarei a explorar a historia do Teixeirinha. Sabe-se que por volta de 1950, Gildo (que até então era o mais famoso, reconhecido como trovador imbatível) conheceu Teixeirinha nas apresentações que fazia na radio Farroupilha de Porto Alegre e a partir de 1954 viajavam o Rio Grande do Sul animando bailes e festas. A seguir uma foto de uma apresentação do Gildo e Teixeirinha, Teixeirinha à esquerda com seu tradicional Violão e Gildo à direita com sua Gaita Todeschini de 8 baixos e ao centro este gaúcho de chapéu que não sei identificar, está ai então aos que me pediam uma foto do Teixeirinha e o Gildo, e com toda certeza o Gildo de Freitas e o Teixeirinha estão trovando.

As trovas entre Gildo e Teixeirinha chegavam a durar horas. Às vezes ficava impossível dizer quem vencia -As que vi foram algumas das experiências mais fantásticas da minha vida - conta o folclorista Antônio Augusto Fagundes, o Nico, amigo de ambos. Teixeirinha era, acima de tudo, um músico, um cantor e um compositor. Mas as lições de improviso que ele, oito anos mais novo, teve no período em que conviveu com Gildo foram fundamentais para moldar o homem que, com canções como Coração de Luto e Querência Amada, tornaria-se o mais popular artista local. A parceria durou até 1960 quando Teixeirinha gravou seu primeiro Lp. É nesse ponto que começa a polêmica briga entre Gildo e Teixeirinha. Gildo acusou Teixeirinha de quebrar um trato segundo o qual os dois gravariam o primeiro LP juntos. Já Teixeira, defendendo-se, afirmou que, se o amigo demorou em gravar, e mais ainda para alcançar o sucesso em disco, foi por culpa dele próprio. Em defesa de Teixeirinha existe o argumento que Gildo estava indeciso com seu futuro, entre a música e a lida rural(Gildo em Viamão chegou a criar porcos) e que ele Teixeirinha não podia esperar mais o amigo decidir. O tempo passou e mostrou que Teixeirinha tinha razão afinal não é por acaso que Teixeirinha é também conhecido como Rei do Disco. E as brigas acabaram trazendo sucesso e repercussão para ambos, apesar de alguns momentos de mais belicosidade do Gildo e Teixeirinha. Por isso Gildo de Freitas acabou respondendo músicas que não eram para ele como o Facão de três listras mas isso é assunto para o futuro.
De certo, entre 1950 e 1965, Gildo e Teixeirinha levavam um vida de compadres, encarando as provocações como brincadeiras.
Em 1963 em seu Lp “Teixeirinha Interpreta músicas de Amigos” existe a música Cobra Sucuri e para quem não sabe ela é de autoria do Gildo de Freitas e por ironia do destino o duelo de versos entre Teixeirinha e Gildo começa com Teixeirinha cantando uma música de autoria do Gildo que na verdade provocava o Teixeirinha. O primeiro Lp do Gildo foi lançado em 1964 mas aparentemente não havia uma provocação clara ao Teixeirinha, digo aparentemente pois acho que havia algo a mais no “Baile do Chico Torto” mas isso vamos analisar no artigo “Teixeirinha mexe com o Gildo”. A letra da Cobra Sucuri segue abaixo

Peço que prestem a atenção nas partes grifadas.


Cobra Sucuri
Letra: Gildo de Freitas

Eu às vezes tô me lembrando
De um bom compadre que eu tinha
Valente como um diabo
Pior que galo de rinha
Quando o compadre puxava
Sua faca da bainha
Até a própria polícia
Prometia mas não vinha.


Me contou um morador
Lá do rio Gravataí
Que na costa desse rio
Ninguém mais pescava ali
Porque diz que aparecia
Uma cobra sucuri
E aquela cobra fazia
Todos os pescadores fugir.

Eu contei pro meu compadre
Ele garrou pegou a ri
Convidou pra nós ir lá
E eu já me arrependi
Pra ele não embrabecer
Eu fui obrigado a ir
Lá na costa desse rio
Ver a cobra sucuri.

Nós chegamos na barranca
Eu senti um arrepio
Mas quando eu vi a cobra
O meu compadre também viu
A água fez uma onda
Na onda a cobra sumiu
E ainda por desaforo
Deu uns quatro ou cinco piu.

Meu compadre vendo a cobra
Já foi largando as tamancas
Deu um jeitinho no corpo
E da sua faca branca
A cobra veio piando
Veio subindo a barranca
E eu também já fui subindo
Num pé de figueira branca
.

Lá de cima eu tava vendo
Como um homem se desdobra
Aí vi que o meu compadre
Tinha destreza de sobra

Ele foi dando um jeitinho
Foi fazendo uma manobra
Em vez da cobra comer ele
Ele é quem comeu a cobra.

Depois da cobra comida
Meu compadre embranqueceu
Olhou pra mim e disse
Por que foi que tu correu?
Ora, ora meu compadre!
Tu bem sabe quem sou eu
Eu tava louco de medo
Da cobra que tu comeu
! 

Com essa letra concluo a primeira parte, em 2009 continuarei com mais, pois após Sucuri veio a Jibóia e dessa o Gildo não gostou.

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